Parque Natural de Montesinho (PNM)
Acerca do Parque Natural de Montesinho
A área das serras de Montesinho e Coroa
foi escolhida para Parque Natural
por reunir condições em que é visível a integração harmoniosa do homem com o
meio ambiente.
O Parque Natural de Montesinho foi criado
em 1979, sendo uma das maiores áreas protegidas de Portugal.
Com uma
superfície de 75 000 ha, inclui cerca de 9 000 habitantes distribuídos por 92
aldeias.
É
constituído por uma sucessão de elevações arredondadas e vales profundamente
encaixados, com altitudes variando entre os 438 me os 1481 m, onde as aldeias,
aninhadas em pontos abrigados e discretos, passam facilmente despercebidas aos
olhos do visitante ocasional.
Região
povoada desde há milénios, conserva vestígios arqueológicos em muitas das suas
aldeias.
Algumas,
possuem ainda nas toponímias antigos nomes de fortificações castrejas; outras,
antigas propriedades rurais, exibem nomes pessoais de origem germânica (Quirás,
Fresulfe, Sernande, Guadramil), atribuídos pelos colonizadores visigodos, que
conservavam o costume romano de dar às "villas" o nome do "dominus",
ou proprietário.
Após a
queda do império visigodo e a formação da nacionalidade, uma das primeiras
preocupações dos soberanos foi povoar o reino, através da distribuição de
terras a fidalgos e à Igreja, e da criação dum sistema de "forais" coletivos,
já que as rudes condições geográficas e sociais desses tempos exigiam que toda
a organização do espaço dependesse da vida em grupo.
Ainda
hoje, as estruturas económicas e sociais das aldeias conservam hábitos
comunitários.
O que dá a este Parque características únicas no nosso país é precisamente a forma como ao longo dos séculos as populações souberam integrar-se harmoniosamente na paisagem, apesar das peculiaridades geoclimáticas.
O Parque Natural de Montesinho (PNM) está
situado na Terra Fria Transmontana.
Os xistos
são as rochas dominantes mas podem ainda ser encontrados granitos, rochas ultrabásicas
e, muito localizadamente, calcários.
O Parque é
limitado a Sul, grosseiramente, por uma linha que liga Bragança e Vinhais, e a Oeste,
Norte e Leste pela fronteira com Espanha.
Esta fronteira pode ser atravessada por estrada através dos postos fronteiriços da Moimenta, do Portelo ou de Quintanilha, ou a pé, se visitar a aldeia de Rio de Onor, por cujo interior passa a linha de fronteira.
No revestimento
vegetal, destacam-se os seculares carvalhais, sardoais e soutos que, juntamente
com os pinheiros, freixos, vidoeiros, cerejeiras e outras espécies arbóreas autóctones,
representam a riqueza dos espaços florestais no seu colorido e frescura, com
que nos gratificam em cada época do ano.
No que
respeita à flora, destacam-se as plantas que ocorrem em solos derivados de rochas
ultrabásicas, entre as quais se encontram espécies que no mundo apenas aqui
podem ser observadas.
Quem
disponha de pouco tempo para nos visitar poderá utilizar os parques de merendas
instalados em lugares de paisagem atraente, preparados para gozar umas horas de
descanso com a família, e onde poderá também, se desejar, grelhar umas
saborosas alheiras, ou um pouco de delicioso cordeiro ou uma suculenta posta de
vitela Mirandesa...
Se dispuser de mais tempo, as instalações hoteleiras de Bragança e Vinhais, o parque municipal de campismo de Bragança ou, mediante marcação, as casas-abrigo do PNM, poderão servir como ponto de partida para os roteiros que mais adiante lhe propomos.
A grande
diversidade de habitats e a relativa falta de perturbação tornam o Parque Natural de Montesinho uma área
de grande importância faunística a nível europeu, pela existência de espécies
ameaçadas de extinção, como o lobo ibérico, a águia-real e a cegonha negra, bem
como espécies raras e vulneráveis, como a lontra, a marta, a toupeira-de-água e
a víbora cornuda.
Refiram-se
também espécies como o corço, o veado, o coelho, a lebre, a perdiz e o javali.
Caso escolha uma forma mais desportiva de conhecer o Parque Natural de Montesinho, de bicicleta ou de mochila às costas, sugerimos que percorra os "caminhos velhos", as azinhagas e atalhos que ligavam as aldeias entre si, ou - porque não? - ir à descoberta dos "Caminhos de Santiago", por onde há séculos passavam os peregrinos em demanda de Santiago de Compostela!
O Parque
Natural de Montesinho possui um rico património sociocultural com práticas
quotidianas vindas de usos e costumes ancestrais, embora já marcadas pela crescente
mobilidade das gentes e pelas inovações tecnológicas.
Por isso
os serviços do PNM lhe dedicam particular atenção, não na miragem de algo a preservar
a todo o custo, mas sim apostando na sua conservação dinâmica face ao futuro.
As festas
são o elo de ligação dos povos, o pretexto para o reencontro que cada ano se
repete, entre famílias, amigos e aldeias.
Têm
especial valor as antiquíssimas "Festas dos Rapazes”, realizadas principalmente na zona da Lombada por altura do
Natal ou dos Reis, segundo o costume de cada aldeia.
Nesses
dias, os rapazes solteiros de mais de 16 anos envergam coloridos fatos felpudos
que os escondem da cabeça aos pés, afivelam máscaras aterradoras em latão
pintado, madeira ou outros materiais e, com molhos de chocalhos à cintura, correm
a cabriolar por toda a aldeia em tremenda algazarra, ritualizando cerimónias de
iniciação, cuja origem, no parecer do abade de Baçal, remonta aos romanos veneradores de Saturno.
Outra das
facetas da cultura regional é a música tradicional.
Velhos
temas joviais continuam a ser tocados nas alvoradas das festas, onde se
destacam as sonoridades celtas da gaita-de-foles.
São
notáveis ainda os exemplos de arquitetura popular, que utilizando os materiais característicos
de cada região, resultam de milhares de anos de aperfeiçoamento e adaptação ao
meio ambiente.
Há também
aspetos exclusivamente funcionais na arquitetura popular dignos de destaque:
referimo-nos aos pombais e aos moinhos de água.
Parte destes
últimos são propriedade comum dos povos ou aldeias, e continuam ainda a funcionar,
com apoio do Parque nas obras de conservação e reconstrução.
Na
integração da atividade humana com o seu meio é de realçar o papel que o "Homem Rural" tem vindo a desempenhar
na modelação da paisagem.
Por essa
razão nem sempre é simples fazer uma separação nítida entre as atividades do
Homem e os recursos naturais, que aqui se encontram estreitamente relacionados.
Com efeito, um dos objetivos do PNM consiste na animação regional, intervindo em áreas tão diversas como a atividade florestal, a comercialização de produtos caseiros, a habitação tradicional, o artesanato local ou o recreio e turismo como formas de assegurar às populações novas fontes de receitas, tendo em vista o desenvolvimento sustentado dos seus recursos, no respeito da evolução equilibrada da vida das comunidades e da paisagem.
Tem sido
ainda objetivo do Parque encorajar o turismo através do incentivo ao turismo
rural e ao artesanato, bem como a criação de infraestruturas de acolhimento
(Centro Hípico, Parques de Merendas e Casas-Abrigo) e a valorização e relançamento
da gastronomia e da arquitetura tradicional.
Neste
âmbito destaca-se
- o
fumeiro tradicional, com feiras anuais em Vinhais, ou a apicultura;
- o apoio
à agropecuária, promovendo a conservação de raças autóctones (ovino Churro
Galego-Bragançano, bovino Mirandês), também através de exposições/concursos anuais
em Bragança e Vinhais;
- a
recuperação das extensas florestas de carvalhos e castanheiros visando o seu
uso múltiplo no espaço e no tempo, assim como a tomada de medidas antifogo e
anti-erosão.
Para que
este Parque continue a ser usufruído por muitas gerações, cabe-nos também fazer
algumas recomendações aos visitantes:
- Tenha o
máximo cuidado com o fogo.
- Deixe o
lixo que produzir no contentor mais próximo.
- Respeite
a vegetação, os cursos de água e a fauna.
- Respeite
as sementeiras e campos cultivados, bem como as vedações das propriedades.
- Em todos os casos, a população e o corpo de guardas e vigilantes do PNM terão sempre o maior gosto em lhe prestar qualquer esclarecimento de que necessite.
Fonte: fonte promocional do Parque Natural de
Montesinho