Vila Real – Roteiro turístico – Historial


«À distância duma légua de Vila Real estava a nobreza da vila esperando o seu conterrâneo. Cada família tinha a sua liteira com o brasão da casa. A dos Correias de Mesquita era a mais antiquada no feitio, e as librés dos criados as mais surradas e traçadas que figuravam na comitiva.

D. Rita, avistando o préstito das liteiras, ajustou ao olho direito a sua grande luneta de oiro, e disse:

— Ó Meneses, aquilo que é?

— São os nossos amigos e parentes que vêm esperar-nos.

— Em que século estamos nós nesta montanha? — tornou a dama do paço.

— Em que século?! O século tanto é dezoito aqui como em Lisboa.

— Ah! sim? Cuidei que o tempo parara aqui no século doze...»

 “Amor de Perdição” – Camilo Castelo Branco


  

Nas margens do Rio Corgo, um dos afluentes do Douro, a cidade de Vila Real ergue-se a cerca de 450 metros de altitude, numa região que revela indícios de ter sido habitada desde o Paleolítico.
Vestígios de povoamentos posteriores, como o Santuário Rupestre de Panóias, denunciam com segurança a presença dos romanos na região, mas os tempos que se seguiram, durante as invasões bárbaras e sobretudo muçulmanas, impuseram um despovoamento gradual que só terminou com a aproximação do século XII, com a outorga em 1096 do foral de Constantim de Panóias, pelo Conde D. Henrique.
Em 1289, por foral de D. Dinis (o primeiro dado por este monarca a Vila Real) é fundada a pobra de Vila Real de Panóias, que viria a transformar-se na cidade de hoje.


O êxito da povoação então fundada comprova-se com a evolução do número de moradores: dos cerca de 480 habitantes em 1530, Vila Real passa para cerca de 3.600 em 1795.
Este crescimento deve-se em grande parte a uma localização geográfica privilegiada, entre o litoral e o interior, com ligações ao Porto, Chaves, Bragança e terras do Sul.
Nos sécs. XVII e XVIII Vila Real consolida o epíteto de «Corte de Trás-os-Montes», que havia ganho com a presença dos nobres que aqui se fixaram por influência da Casa dos Marqueses de Vila Real, presença ainda hoje visível nas inúmeras pedras-de-armas que atestam os títulos de nobreza dos seus proprietários.


Como povoação mais importante em Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real adquiriu o estatuto de capital de província e, já na década de 20 do séc. XX, viu reconhecido o seu peso económico, demográfico e administrativo com dois actos de grande relevo: a criação da Diocese de Vila Real em 20 de Abril de 1922 e a elevação a cidade em 20 de Julho de 1925.


O concelho de Vila Real, sem prejuízo da feição urbana da sua sede, mantém características rurais bem marcadas.
Dois tipos de paisagem dominam:
- a zona mais montanhosa das Serras do Marão e do Alvão, separadas pela terra verdejante e fértil do Vale da Campeã,
- e, para Sul, com a proximidade do Douro, os vinhedos em socalco.
Por toda a parte existem linhas de água que irrigam a área do concelho, com destaque para o Rio Corgo, que atravessa a cidade num pequeno mas profundo vale, originando um canhão de invulgar beleza.
[Em resultado da recente reorganização administrativa], o concelho é atualmente constituído por 20 freguesias: Abaças, Adoufe/Vilarinho da Samardã, Andrães, Arroios, Borbela/Lamas d’Olo, Campeã, Constantim/Vale de Nogueiras, Nogueira/Ermida, Folhadela, Guiães, S. Tomé do Castelo/Justes, Mouçós/Lamares, Lordelo, Mateus, Mondrões, Parada de Cunhos, Vila Real (Nª Sª da Conceição/S. Pedro/S. Dinis), S. Miguel da Pena/Quintã/Vila Cova, Torgueda, Vila Marim. (1)
Texto retirado de brochura editada pela Câmara Municipal de Vila Real | Imagens retiradas da internet, digitalizadas de documentos, fotos próprias

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