Aveiro - da Arte Nova e de outras artes
Aveiro - da Arte Nova e de outras artes
Entrar em Aveiro é, hoje em dia, uma tarefa facilitada pelo IP5/A25, o que traz também a vantagem de depositar o visitante diretamente no coração da cidade das salinas e dos canais (*).Ao passar-se pela margem sul do Canal Central é inevitável reparar do outro lado, na Rua João Mendonça, num breve friso de belas frontanas em estilo arte nova.
Avançando em direção ao Rossio, pela Rua Barbosa de Magalhães, nota-se o triste estado de conservação [ao tempo de elaboração do texto] daquela que é talvez a mais emblemática edificação em arte nova de Aveiro: a casa Major Pessoa, trabalhada ao pormenor pelos arquitetos Silva Rocha e Korrodi, encimada pela águia que simboliza a cidade.
Tem a particularidade de não ser apenas uma fachada — como acontece com a maioria dos edifícios congéneres da cidade -, o que se pode observar nas suas traseiras que dão para a Rua Tenente Resende.
Aí se nota totalmente o mesmo estilo, ao que se junta um pequeno mirante arrebicado e um painel de belos azulejos - infelizmente em pior estado de conservação que o da própria casa [ao tempo de elaboração do texto].
O edifício, no entanto, foi já adquirido pela edilidade, que vai restaurá-lo e dar-lhe o destino condigno.
O percurso de arte nova aveirense está sucintamente apresentado num folheto do Posto de Turismo local, instalado exatamente numa das três primeiras casas atrás descritas.
Mas Aveiro é um festival de arquitetura de várias épocas.
O percurso de arte nova aveirense está sucintamente apresentado num folheto do Posto de Turismo local, instalado exatamente numa das três primeiras casas atrás descritas.
Mas Aveiro é um festival de arquitetura de várias épocas.
Há a manuelina:
- Capela do Senhor das Barrocas,
- a «salada» de estilos patente na Igreja de S. Domingos (Sé Catedral) - gótico, renascentista, barroco e maneirista -,
- o Convento de Jesus (séc. XV) que é hoje o Museu de Aveiro e onde se podem admirar o túmulo da Princesa Santa Joana e o Tríptico de S. Simão, entre muitas obras da arte sacra,
- a Casa de Santa Zita
- e a fabulosa estação da CP, com os seus painéis de azulejos.
Aliás, Aveiro é também um hino à azulejaria, com aplicações em alguns casos exemplares, como o são os painéis representativos das quatro estações do ano na frontaria de uma velha casa da Rua Manuel Firmino.
Aliás, Aveiro é também um hino à azulejaria, com aplicações em alguns casos exemplares, como o são os painéis representativos das quatro estações do ano na frontaria de uma velha casa da Rua Manuel Firmino.
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Imagens do atual Rossio de Aveiro, depois das obras de
remodelação, recentemente inauguradas.
A estátua de João Afonso de Aveiro, piloto português
natural de Aveiro, que acompanhou como piloto Diogo Cão, na viagem que fez à
costa de África em 1484, por ordem de D. João II.
Também os alicerces e a maquete do que terá sido a capela
de São João do Rossio. Esta capela existiu durante 303 anos e esteve em pé
entre 1607 e 1911.
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Há ainda
- o Centro Cultural instalado na antiga Fábrica de Cerâmica Campos (1915),
- o Mercado do Peixe com arquitetura do ferro,
- e a Capela de São Gonçalinho situada no largo do mesmo nome.
Destaque ainda, pela positiva, para
- o neoclássico Governo Civil,
- a Capela de S. Bartolomeu (séc. XVI) de planta circular,
- o gótico-manuelino cruzeiro da Sé Catedral,
- a Fonte das Cinco Bicas,
- o cruzeiro da Senhora da Alegria (séc. XVII) com cobertura assente em quatro colunas jónicas
- e o oitocentista Parque da Cidade com os seus arvoredos, recantos, coreto e esculturas.
(…) Mas há ainda, no lado bom, os inesquecíveis ovos moles... (1)
Este percurso tem cerca de 8 a 10 km, deve ser feito a pé, e tem como objetivo o reconhecimento do património arquitetónico em Aveiro.
Barcos Moliceiros no canal principal da Ria de Aveiro |
(*) Não podemos esquecer-nos que Aveiro é conhecida por ser a Veneza Portuguesa, devido aos inúmeros canais da Ria de Aveiro – região lagunar do Rio Vouga - que atravessam a cidade.
Por estes canais podem-se realizar alguns passeios inesquecíveis, nos tradicionais barcos moliceiros (antigamente usados na apanha do moliço - nome dado às plantas aquáticas colhidas para serem usadas na adubação das terras para a agricultura – mas que hoje são quase exclusivamente utilizados para fins turísticos)
(1) Texto adaptado e retirado de Guia da Semana - Expresso, nº12 (Norte)