Nordeste Transmontano “Capa de Honras" Mirandesa | Descobrir Portugal

"Capa de Honras" mirandesa

А região do Nordeste Transmontano distingue-se, em particular, pela sua sericicultura e pela "Capa de Honras" mirandesa.

A seda sempre foi considerada um material nobre, de luxo, encontrando-se sobretudo nos paramentos das igrejas, e no vestuário usado na corte e nas grandes casas.

Foi na região de Trás-os-Montes que se verificou uma conservação mais tardia da criação do bicho-da-seda, a extração artesanal do fio do casulo e a tecelagem caseira que com ele se fazia, como comprovavam, no século XVIII, os 250 teares da fábrica de Bragança ou as 40 caldeiras para desnovelar casulos que compunham o filatório na freguesia de Chacim (cujas as ruínas ainda hoje se podem visitar).

Grande parte dos habitantes de quase todas as aldeias transmontanas integrava o trabalho de produção do casulo, o que constituía para todos uma economia caseira razoável atendendo ao facto de que a sua venda era sempre certa.

Contudo, esta florescente e rentável atividade entrou em declínio com as invasões francesas e com a concorrência de novas fibras: a degradação foi total, perdendo-se a tradição e um saber específico que engrandeceu, durante séculos, esta região.


Para ler: Nordeste Transmontano – terras de sonho e encantamento

 

No entanto, na força da tradição e na memória das gentes transmontanas, a sericicultura permanece em atividade com um pequeno núcleo produtivo renascido em Freixo de Espada à Cinta que, aos poucos, tem desenvolvido e afirmado a sua produção com o pensamento nostálgico dos tempos em que a seda foi uma riqueza para a região.

Por seu turno, a “Capa de Honras" mirandesa é uma peça de artesanato simbólica do planalto mirandês, tendo como finalidade a proteção dos "boieiros" (guardadores de vacas) e pastores das intempéries.

Sendo a peça mais antiga do trajo português, o que lhe confere grande valor etnográfico, é indispensável em qualquer tipo de cerimónias na região.

Em consequência disso, a "Capa de Honras" é um grande exemplar da cultura portuguesa e um merecido orgulho de qualquer artesão mirandês.


Tear de linho

Fonte: “Descobrir Portugal” – Junho de 2002 (texto editado e adaptado)

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