Sé da Guarda | Uma visita

O retábulo-mor, em pedra de Ançã, é atribuído ao escultor João de Ruão.

Ao longo de seis andares, várias estátuas mostram a "Paixão e Morte de Cristo", assim como a "Anunciação" e a "Apresentação de Jesus no Templo".
Destaque ainda para os evangelistas e figuras do Antigo Testamento e para a Nossa Senhora da Assunção, no centro do retábulo.


Começada a edificar em 1390, a actual Sé da Guarda encontra-se situada no centro histórico da cidade, no interior das muralhas do que foi uma das principais praças-fortes portuguesas.

Predominam os estilos: românico, gótico e manuelino.

A catedral tem planta em cruz latina, com três naves, transepto saliente, abside e dois absidíolos de planta poligonal.

Dispõe ainda de contrafortes e arcobotantes.

Tem cinco tramos; dois andares com clerestório e a cruzaria é de ogivas e estrelada.

Dentro do românico, destaque-se a horizontalidade do monumento, arco pleno, cachorrada e contrafortes.

Já no que toca ao gótico, sublinhe-se o arco quebrado, clerestório, cruzaria de ogivas, pilares cruciformes e a decoração.

No que se refere ao manuelino, uma palavra para o arco trilobado, pilares fasciculados, colunas torsas e abóbada estrelada.

A existência deste monumento atesta a importância que a Guarda possuía já no século XIV, não só do ponto de vista defensivo mas também económico e cultural.

Tratava-se, de facto, de um centro urbano de relevo incontornável para Portugal.

A Guarda começou a ganhar grande importância com D. Sancho I, já que o Povoador concedeu-lhe foral em 1199, elevou-a à categoria de cidade e conseguiu também que a Diocese Egitaniense fosse transferida da Idanha para a Guarda, tendo portanto existido uma catedral anterior à actual.

Igualmente a pedido de D. Sancho I, o Papa Inocêncio III elevou a Guarda às honras de cidade episcopal, sendo nomeado seu primeiro bispo D. Martinho Pais, cónego de Santa Cruz de Coimbra, em 1203.

Contudo, existem provas que muitos anos antes de fundada a nacionalidade portuguesa já a Guarda e os seus subúrbios eram habitados.



Segundo o general João de Almeida, quando Júlio César foi nomeado pretor da Lusitânia havia mais de 200 anos que os romanos em vão pensavam tornar efetivo o seu domínio na região dos Hermínios.

Aquele grande chefe romano, partindo de Mérida, atravessou o Tejo em Alcântara e subiu as alturas da Guarda.

Mercê de uma cilada, conseguiu cercar e vencer os vetões, a tribo mais forte e culta dos lusitanos, nas margens do Mondego, no sítio que, para consagração do feito, ainda hoje se chama a Ratoeira.

Reconhecendo à Guarda todo o valor da sua posição e para garantir a posse da sua região, Júlio César acampou nela uma das suas legiões, dando-lhe o nome de Lancia Opidana, e mandou proceder à construção de duas grandes estradas, com ligações a Braga e a Salamanca.

Depois, passados séculos, vieram os bárbaros, constituindo o reino suevo-alano, abrangendo toda a primitiva Lusitânia dos tempos de Augusto.

A Vetónia subsistiu como província e com a capital em Lancia Opidana, agora designada por Warda (Guarda).

Após o domínio dos godos sobreveio o dos árabes, que assolaram a região dos Hermínios, indo os seus habitantes refugiar-se nos pontos mais altos das suas montanhas, onde viveram à sombra protetora dos seus castros e citânias.

A cruzaria, de ogivas e estrelada, confere uma grande beleza à Sé.


O exterior da Sé da Guarda lembra imagem de uma fortaleza, devido às duas torres de grandes dimensões e ao conjunto de contrafortes e arcobotantes.


A atual entrada para a Sé não é, de facto, a porta principal do templo. Esta está pouco visível, no topo contrário às torres, num acanhado portal manuelino.

Fonte: “Público” (texto editado e adaptado)

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